TENDENCIAS MACRO NO MERCADO - Janeiro 2023

 





Ciclos Macro - Janeiro de 2023

A ideia de post é ter uma visão do atual estágio do ciclo econômico em vários setores de investimento de forma organizar o portfólio da melhor forma. Texto base de setembro de 2020 e atualizações de janeiro de 2023 estão em azul.

Economia

A expectativa no futuro para a economia domestica é recuperação, os possíveis riscos são nessa ordem (1) risco politico e (2) endividamento do governo, mas acredito que se essas duas coisas não causarem problemas o crescimento retorna pois a base de comparação é muito baixa. Sobre a crise do corona vírus parece que o pior já passou e estamos reabrindo de forma lenta novamente, cenário internacional idem. Os riscos aumentaram bastante com a entrada de um governo de esquerda, os sinais são péssimos, estou esperando medidas concretas para revisar as projeções, na prática ainda não aconteceu muita coisa, de um lado promessas de super gastos, do outro, promessas de superávit fiscal.
Economia Domestica: Acelerando
No cenário internacional acho que há mais dúvidas do que irá acontecer com a economia, acho que todos que olham o ciclo nos USA e EU veem na fase do pico, já vem de muitos anos de crescimento, desde 2008, então não vejo uma possível aceleração no crescimento econômico tanto nos USA quanto na EU. Resultados muito fortes das big techs contrastam com queda de 30% do PIB no segundo trimestre e põe mais linha na fogueira da bolsa. Ando cada vez mais pesando sobre como o que está acontecendo no mundo pode ser o mesmo que vem acontecendo no Japão desde os anos 90, nessa caso, o resultado não seria um estouro de uma bolha, mas sim uma depressão constante, em breve vou formular minha tese de investimento sobre eleições americanas e dar mais detalhes de como as coisas podem acontecer.

Mudou muita coisa, juros subindo, bolsas caindo e ao que o FED mostra ainda vai haver mas aumento de juros, normalmente é nessa hora que vem uma crise especifica, até agora o FED tem conseguido reduzir seu balanço, a questão é até quando as empresas vão aguentar, as BIG techs estão demitindo em massa com quedas superiores a 50% (META). Até quando o FED aguenta segurar esses juros essa é a subida mais rápida da história e já chegamos em 4,5%, já próximos dos valores de 2008.
Economia Mundo: Recessão

Ações

Falar que temos um bom futuro em equities no Brasil é bem difícil com essa pandemia, mesmo assim eu tenho essa visão. Temos que analisar o histórico, diferente do resto do mundo o Brasil está saindo de uma profunda crise as empresas estão desalavancadas, a capacidade está bastante subutilizada, ou seja, podemos ter muito incremento de lucros com a melhora do ambiente, dessa forma, acredito que o Ibovespa ainda tem uma trajetória de alta no ciclo macro.
Apesar do citado acima não ser alterado ainda, dado o cenário macro da economia vou ficar neutro e olhar de fora, reduzindo minha exposição. Outro ponto é que com a subida dos juros a RV perde atratividade, muito difícil um IBOV render IPCA + 7% isento no longo prazo.
Ações Brasil: Acelerando; Alocação: 50 %
Nos USA a analise já é bem mais difícil, o que temos é péssimos fundamentos com a pandemia, porém, o fluxo é muito comprador devido a atuação dos bancos centrais, fica muito difícil do mercado cair com todos comprando. Mas com certeza o local do ciclo é o pico, pode continuar subindo, sempre pode. Big techs com grandes resultados estão carregando os indices nas costas.
Acertei essa previsão, mercado americano caiu bastante com a subida dos juros, principalmente as queridinhas, as big techs. Com esse dado, apesar de já ter caído bem o fundo não parece ter chegado, afinal os juros continuam a subir, estou realocando mensalmente em VT pensando que já podemos estar com bons preços.
Ações USA: Recessão; Alocação: 50 %
Nos países desenvolvidos EX-US, apesar da atuação dos bancos centrais, é bem claro a desaceleração das economias e isso tem impacto negativo em equities enquanto o fluxo cria o impacto positivo deixando as bolsas de lado nos últimos anos. Não vejo muita diferença entre a UE e Japão, é tanta depressão que fica até chato falar que é pico.
VXUS caiu bem durante o ano de 2022, situação muito parecida com US, mesmo com o atraso nas altas dos juros todo o mundo vai ter que seguir o US e aumentar as taxas, penalizando bastante o mercado de ações, mas já abrindo margem para entrar gradualmente.
Ações EX-US: Recessão; Alocação: 50 %

Imóveis

O mercado de FII no Brasil vem tendo um ótimo retorno com a entrada de uma enxurrada de dinheiro de PF e fundos de pensão nos últimos anos para não falar da grande queda de juros no Brasil. Com o corona virus ele sofreu muito, principalmente o setor de shoppings, porém a queda foi generalizada porém menor no setor de logística.  Minha analise a respeito do COVID é que o impacto em shoppings é temporário, em lajes é estrutural porém lento e limitado (home office), agencias já não tinha nenhum futuro e papeis são oportunidades devido a marcação a mercado. Acredito que o setor como um todo tem boas perspectivas e bons retornos futuros, uma queda estrutural de juros mais longos vai fazer muito bem para o preço dos imóveis.
O Fipe-ZAP ganhou do IPCA pela primeira vez desde 2013, e por menos de 1%, mercado imobiliário continua parado, FII estão sendo desmascarados com suas promessas de grandes ganhos sem riscos, eu olho de fora apesar de acreditar que um imóvel físico financiado hoje poderia até ser um bom negócio, se a inflação vir cai a divida e se o Brasil voar os imóveis e alugueis vão decolar.
FII: Vale; Alocação 0 %
Sobre os REIT nos USA, o preço já subiu muito nos ultimo anos, a liquidez levou os valores a picos atrás de picos, o mercado é bom e tem dinâmica diferente dos nossos FII com muita alavancagem devido através de empréstimos muito baixos. Assim como todos os ativos financeiros nos países desenvolvidos os valores podem cair muito com uma inflação ao consumidor (queda do retorno real) ou baixa na liquidez, o posicionamento exige bastante cautela.
2022 teve uma queda nesse mercado, talvez até saldável, porém continua com muita incerteza devido ao cenário macro, vou olhar de fora.
REIT: Recessão; Alocação 0%

Crédito Soberano

No crédito soberano no Brasil o que mais se houve é "a renda fixa morreu", não há frase mais toxica que essa, o que morreu foram os altos juros pós fixados, o CDI morreu, os juros estão a 2,00% a.a. com retorno real negativo. Mas os títulos pré e indexados ainda estão pagando relativamente bem, temos pré 2025 a 6,01% e IPCA 2045 a 4,25% a.a., nesse caso a renda fixa com duration mais longo ainda oferece bons retornos. Pensando na qualidade/risco do credito, isso se deteriorou muito durante a pandemia, as contas publicas estavam em rota de melhora e com todo esse gasto, a rota voltou a ser da ruína. Sobre os riscos em si, não vejo possibilidade de default, o que podemos ter é aumento da inflação e depreciação do cambio. Devemos ficar de olho nos de 2021/2022 pois temos eleições e um governo sem compromisso com um ajuste pode desencadear uma situação tipo Argentina. Muita dúvida se esse mercado ainda está melhorando ou piorando, em agosto se falou muito da trajetória fiscal do Brasil, apesar de muito ruido os rumos ainda são bons, mas há muito risco.
Divida soberana, o ativo que o brasileiro mais gosta, voltamos a ter juros real alto pós fixado com selic a 13,75% e inflação cedente temos o Brasil de volta ao seu normal, não há expectativa de queda no momento devido ao cenário macro, o que move os juros é trajetória da dívida, e essa está bem indefinida. De toda forma voltou a ser um bom investimento, de toda a forma que que subam os juros não será muito mais que o atual.
Crédito Soberano Brasil: Pico; Alocação: 100%

Crédito soberano no mundo, não vou falar muito sobre isso pois esse é o tema mais acompanhado por todos, mas em resumo, temos juros extremamente baixos em todo o mundo, endividamento muito alto em níveis soberanos. Acho que todo o mercado de bonds está contaminado por uma liquidez imensa. Não há risco de default nos US, nos mercados emergentes esse risco aumenta para os que tem a divida dolarizada, o risco também é inflação e como subir juros sem crescimento. Fato que aliviou o medo de inflação do mundo foi o pronunciamento de FED falando que pode tolerar inflação acima da meta por algum tempo visando melhora da economia, isso deixou o mercado bem otimista, foi mais uma rodada de tequila grátis na festa. Títulos que estão no meu radar são os de inflação americanos, acho que o risco de inflação é crescente, agora com o FED não se preocupando com inflação no curto prazo podemos ter rendimentos bons nesses títulos.

Crédito soberno internacional segue agitado com o ainda em curso aumento de juros global puxado pelos US, a questão de dívida é latente mas como os paises tem soberania em sua moeda não há ainda nenhum evento sistemico anormal, sigo monitorando.

Crédito Soberano World: Recessão; Alocação: 0%

Crédito Privado

Crédito privado no Brasil é quase um mercado novo, os spreads para títulos do governo sempre foram muito pequenos, era muito risco para pouca diferença de retorno. Agora com a queda da Selic é capaz desse mercado se desenvolver, mas as boas oportunidades só estão disponíveis aos institucionais. De toda forma acho que é um mercado que pode trazer boas oportunidades, no futuro.

Crédito privado se popularizando entre os pequenos investidores, melhorou muito o acesso e taxas, porém continuo acreditando que o risco não compensa o premio.

Crédito Privado Brasil: Acelerando; Alocação: 0% (Estou fora, prefiro olhar de longe)

Crédito privado no exterior está na minha opinião, péssimo, com o excesso de liquidez todos os yields estão totalmente fora do lugar, muito risco e sem retorno, talvez esse ainda consegue estar pior que o crédito soberano pois os bancos centrais estão sendo vistos como fiadores de toda e qualquer dívida. Há entretanto um parte de boas oportunidades, tudo aquilo que os bancos centrais não estão comprando está dando oportunidades, títulos de crédito soberano e privado negociados nos US de empresas de fora do US, por exemplo nas empresas brasileiras top tem melhores yields lá fora em dólar do que internamente em reais, o mesmo para títulos soberanos brasileiros.

Tanto HG quanto junk bonds caíram muito com a alta dos juros, minha leitura anterior de pico nesses ativos estava correta, acho que isso ainda não está definido para o médio prazo, dificil dizer até onde vai a queda, é mais facil reconhecer os vales e picos depois de já ter passado, sigo de fora por acreditar que ainda há espaço para quedas, mas já vejo muitos analistas falando que já vale a pena olhar o que pode ter retorno real positivo em dólar.

Crédito privado World: Recessão; Alocação: 0%

Curva de Juros

No Brasil a queda da Selic já é um consenso que o juros estão abaixo do equilíbrio, com meta de inflação de 4% e meta Selic de 2,25% só por alto temos juros real de 1,75% negativo. Na parte intermediaria da curva parece haver prêmio, boa parte dos fundos multimercados estão posicionados. Na parte longa da curva é onde sobe rápido e cai devagar, acho que essa responde mais ao fiscal e solvência do pais, essas coisas só mudam em prazos mais longos e é dependente de reformas e responsabilidade fiscal, ou seja, existe muita grana para ganhar, mas o risco é altíssimo.
Curva de juros brasileira continua inclinada, apesar de uma possivel queda da selic no médio prazo o longo continua alto devido pricipalmente aos riscos fiscais. Titulos IPCA+ estão muito atraentes, já os pré tem muito risco visto que geralmente se paga divida soberana no Brasil através de inflação, que estão querendo elevar a meta inclusive. Diferente de no passado onde a selic baixou muito os premios de longo prazo, acredito que esse é um bom momento para alongar titulos de RF no Brasil.
Curva de juros BR: Recessão; Alocação: 100 %
Juros nos USA e no mundo como um todo está no low histórico, mesmo as taxas longas estão nas mínimas com a depressão da economia. Nas outras economias desenvolvidas a situação é ainda pior, com uma economia desaquecida e taxas de juros em zero ou negativas mesmo os títulos longos estão remunerando números negativos.
O cenário mudou muito, as altas das taxas de juros estão normalizando os yields no mundo, já se começa a falar em oportunidades de RF global, mas ainda sigo só monitorando a situação, zero vontade de entrar nesse mercado de gente grande.
Curva de juros World: Pico; Alocação 0%

Dólar e Forex

Dólar, o hedge mais clássico do Brasil. Uma alocação que sempre podemos confiar, seja porque o real é uma moeda que enfraquece em episódios de crise ou porque o dólar é uma moeda forte que se fortalece em tempos de crise. Em tempos de incerteza só aumentam os motivos para se ter dólares.
Dólar segue como sempre sendo um ótimo investimento em terras brasileiras, obviamente  no longo prazo ativos em dólar podem ser bem melhores.
Dólar: Acelerando; Alocação: 100 %
Sobre Forex, infelizmente não tenho dados e nem tempo para analisar, talvez no futuro. Meu caixa de moedas fica só em dólares mesmo. Porém nos últimos tempos parece que há um sentimento de que o dólar se valorizou demais frente a outras moedas desenvolvidas, muita gente se posicionando em cestas de moedas desenvolvidas (dólar index), meu hedge de dólar é ouro, eu acho que a diversificação em outras moedas ainda não é necessária, talvez no futuro com uma posição grande isso possa mudar. Parece que esse movimento de depreciação do dólar se confirmou nos últimos dois meses, DXY na minima dos últimos dois anos, não sei precisar até onde vai, mas como estou de fora não acompanho isso no detalhe.
Após um pico em 2022 o DXY aliviou, como sempre em tempos de crise o dolar se fortalece.
Moeda forte ex-USD: Acelerando; Alocação: 0% (prefiro ficar de fora)

Ouro e Metais Preciosos 

O seguro mais clássico de todos, principalmente frente ao que vem acontecendo nos bancos centrais, com o excesso de liquidez o ouro se torna um investimento cada vez mais popular, mas ainda vejo o ouro com boas perspectivas enquanto vivemos em um mundo de juros zero. Outro fator importante é que a correlação com ativos de risco é negativa. Vale destaque também para a prata que vem ganhando os holofotes visto o que aconteceu com o ouro. Continuo investido em ouro apesar da lateralizarão desde 2020.
Ouro: Acelerando; Alocação: 200 %

Commodities

Commodities, me parece um bom investimento por dois motivos, com o excesso de liquidez tudo que é real tende a se valorizar, nada mais real que commodities. O outro motivo que é fato que caiu muito e commodities são cíclicas, então é comprar quando ninguém quer e vender quando estão procurando. Commodities tem suas dinâmicas próprias, talvez eu faça um post sobre isso.
Lateralizou em 2022, apesar da leitura estar correta para os anos anteriores, com a alta dos juros, está difícil para commodities subirem, porém, há vários efeitos pressionando os preços para cima. Por hora acho que o fácil já foi, fico de fora.
Commodities:  Acelerando; Alocação: 0 %

Caixa

Acho que carregar caixa é sempre importante, a maior intenção é aproveitar o mercado quando ocorrem realizações fortes no curto prazo e no longo prazo tentar estimar riscos para uma melhor alocação macro, não vou classificar o movimento do caixa pois acho que não faz sentido, mas minha alocação é acima da média pois acho que podemos ter muitas surpresas pelo caminho.
Já acho bom ter gastar parte do caixa em oportunidades, porém com Selic nesses patamares o caixa está muito tranquilo de carregar, estou migrando portfólio para internacional aos poucos.
Caixa: N/A; Alocação; 100 %

Referencias:

Curva de juros:
http://www.worldgovernmentbonds.com/

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