Tendencias macro no mercado - Agosto de 2020




Ciclos Macro - Agosto de 2020

A ideia de post é ter uma visão do atual estágio do ciclo econômico em vários setores de investimento de forma organizar o portfólio da melhor forma. Atualizações de agosto estão em azul.

Economia

A expectativa no futuro para a economia domestica é recuperação, os possíveis riscos são nessa ordem (1) risco politico e (2) endividamento do governo, mas acredito que se essas duas coisas não causarem problemas o crescimento retorna pois a base de comparação é muito baixa. Sobre a crise do coronavírus parece que o pior já passou e estamos reabrindo de forma lenta novamente, cenário internacional idem.
Economia Domestica: Acelerando
No cenário internacional acho que há mais dúvidas do que irá acontecer com a economia, acho que todos que olham o ciclo nos USA e EU o veem na fase do pico, já vem de muitos anos de crescimento, desde 2008, então não vejo uma possível aceleração no crescimento econômico tanto nos USA quanto na EU. Resultados muito fortes das big techs contrastam com queda de 30% do PIB no segundo trimestre e põe mais linha na fogueira da bolsa.
Economia Mundo: Pico

Ações

Falar que temos um bom futuro em equities no Brasil é bem difícil com essa pandemia, mesmo assim eu tenho essa visão. Temos que analisar o histórico, diferente do resto do mundo o Brasil está saindo de uma profunda crise as empresas estão desalavancadas, a capacidade está bastante subutilizada, ou seja, podemos ter muito incremento de lucros com a melhora do ambiente, dessa forma, acredito que o Ibovespa ainda tem uma trajetória de alta no ciclo macro.
Ações Brasil: Acelerando; Alocação: 200 %
Nos USA a analise já é bem mais difícil, o que temos é péssimos fundamentos com a pandemia, porém, o fluxo é muito comprador devido a atuação dos bancos centrais, fica muito difícil do mercado cair com todos comprando. Mas com certeza o local do ciclo é o pico, pode continuar subindo, sempre pode. Big techs com grandes resultados e carregando os indices nas costas.
Ações USA: Pico; Alocação: 50 %
Nos países desenvolvidos EX-US, apesar da atuação dos bancos centrais, é bem claro a desaceleração das economias e isso tem impacto negativo em equities enquanto o fluxo cria o impacto positivo deixando as bolsas de lado nos últimos anos. Não vejo muita diferença entre a UE e Japão, é tanta depressão que fica até chato falar que é pico.
Ações EX-US: Pico; Alocação: 0 %

Imoveis

O mercado de FII no Brasil vem tendo um ótimo retorno com a entrada de uma enxurrada de dinheiro de PF e fundos de pensão nos últimos anos para não falar da grande queda de juros no Brasil. Com o corona virus ele sofreu muito, principalmente o setor de shoppings, porém a queda foi generalizada porém menor no setor de logística.  Minha analise a respeito do COVID é que o impacto em shoppings é temporário, em lajes é estrutural porém lento e limitado (home office), agencias já não tinha nenhum futuro e papeis são oportunidades devido a marcação a mercado. Acredito que o setor como um todo tem boas perspectivas e bons retornos futuros, uma queda estrutural de juros mais longos vai fazer muito bem para o preço dos imoveis.
FII: Aceleração; Alocação 100 %
Sobre os REIT nos USA, o preço já subiu muito nos ultimo anos, a liquidez levou os valores a picos atrás de picos, o mercado é bom e tem dinâmica diferente dos nossos FII com muita alavancagem devido através de empréstimos muito baixos. Assim como todos os ativos financeiros nos países desenvolvidos os valores podem cair muito com uma inflação ao consmidor (queda do retorno real) ou baixa na liquidez, o posicionamento exige bastante cautela.
REIT: Pico; Alocação 50%

Crédito Soberano

No crédito soberano no Brasil o que mais se houve é "a renda fixa morreu", não há frase mais toxica que essa, o que morreu foram os altos juros pós fixados, o CDI morreu, os juros estão a 2,25% a.a. com retorno real negativo. Mas os títulos pré e indexados ainda estão pagando relativamente bem, temos pré 2025 a 6,01% e IPCA 2045 a 4,25% a.a., nesse caso a renda fixa com duration mais longo ainda oferece bons retornos. Pensando na qualidade/risco do credito, isso se deteriorou muito durante a pandemia, as contas publicas estavam em rota de melhora e com todo esse gasto, a rota voltou a ser da ruína. Sobre os riscos em si, não vejo possibilidade de default, o que podemos ter é aumento da inflação e depreciação do cambio. Devemos ficar de olho nos de 2021/2022 pois temos eleições e um governo sem compromisso com um ajuste pode desencadear uma situação tipo Argentina. Muita dúvida se esse mercado ainda está melhorando ou piorando.
Crédito Soberano Brasil: Acelerando (em revisão); Alocação: 100%
Crédito soberano no mundo, não vou falar muito sobre isso pois esse é o tema mais acompanhado por todos, mas em resumo, temos juros extremamente baixos em todo o mundo, endividamento muito alto em níveis soberanos e basicamente tudo em dólar. Acho que todo o mercado de bonds está contaminado por uma liquidez imensa. os preços estão distorcidos, mas tem um porém, a divida está em dólar, então, isso aumenta o poder dos US e pode se tornar um problema para UE/Japão e principalmente para emergentes. Não há risco de default nos US, nos mercados emergentes esse risco aumenta para os que tem a divida dolarizada, o risco também é inflação e como subir juros sem crescimento.
Crédito Soberano World: Pico; Alocação: 50%

Crédito Privado

Crédito privado no Brasil é quase um mercado novo, os spreads para títulos do governo sempre foram muito pequenos, era muito risco para pouca diferença de retorno. Agora com a queda da Selic é capaz desse mercado se desenvolver, mas as boas oportunidades só estão disponíveis aos institucionais. De toda forma acho que é um mercado que pode trazer boas oportunidades, no futuro.
Crédito Privado Brasil: Acelerando; Alocação: 0% (Estou fora, prefiro olhar de longe)
Crédito privado no exterior está na minha opinião, péssimo, com o excesso de liquidez todos os yields estão totalmente fora do lugar, muito risco e sem retorno, talvez esse ainda consegue estar pior que o crédito soberano pois os bancos centrais estão sendo vistos como fiadores de toda e qualquer dívida. Há entretanto um parte de boas oportunidades, tudo aquilo que os bancos centrais não estão comprando está bem volátil e dando oportunidades, mas sobre pouca coisa, títulos de crédito soberano e privado negociados nos US de empresas de fora do US, por exemplo nas empresas brasileiras top tem melhores yields lá fora em dólar do que internamente em reais, o mesmo para títulos soberanos brasileiros. Outros títulos que estão no meu radar são os de inflação americanos, acho que o risco de inflação é crescente.
Crédito privado World: Pico; Alocação: 0%

Curva de Juros

No Brasil a queda da Selic já é um consenso que o juros estão abaixo do equilíbrio, com meta de inflação de 4% e meta Selic de 2,25% só por alto temos juros real de 1,75% negativo. Na parte intermediaria da curva parece haver prêmio, boa parte dos fundos multimercados estão posicionados. Na parte longa da curva é onde sobe rápido e cai devagar, acho que essa responde mais ao fiscal e solvência do pais, essas coisas só mudam em prazos mais longos e é dependente de reformas e responsabilidade fiscal, ou seja, existe muita grana para ganhar, mas o risco é altíssimo.
Curva de juros BR: Acelerando; Alocação: 100 %
Juros nos USA e no mundo como um todo está no low histórico, mesmo as taxas longas estão nas minimas com a depressão da economia. Nas outras economias desenvolvidas a situação é ainda pior, com uma economia desaquecida e taxas de juros em zero ou negativas mesmo os títulos longos estão remunerando números negativos.
Curva de juros World: Pico; Alocação 0%

Dólar e Forex

Dólar, o hedge mais clássico do Brasil. Uma alocação que sempre podemos confiar, seja porque o real é uma moeda que enfraquece em episódios de crise ou porque o dólar é uma moeda forte que se fortalece em tempos de crise. Tempos de incerteza só aumentam os motivos para se ter dólares.
Dólar: Acelerando; Alocação: 100 %
Sobre Forex, infelizmente não tenho dados e nem tempo para analisar, talvez no futuro. Meu caixa de moedas fica só em dólares mesmo. Porém nos ultimo tempos parece que há um sentimento de que o dólar se valorizou demais frente a outras moedas desenvolvidas, muita gente se posicionando em cestas de moedas desenvolvidas (dólar index), meu hedge de dólar é ouro, eu acho que a diversificação em outras moedas ainda não é necessária, talvez no futuro com uma posição grande isso possa mudar.

Ouro e Metais Preciosos

O seguro mais clássico de todos, principalmente frente ao que vem acontecendo nos bancos centrais, com o excesso de liquidez o ouro se torna um investimento cada vez mais popular, mas ainda vejo o ouro com boas perspectivas enquanto vivemos em um mundo de juros zero. Outro fator importante é que a correlação com ativos de risco é negativa. Vale destaque também para a prata que vem ganhando os holofotes visto o que aconteceu com o ouro.
Ouro: Acelerando; Alocação: 200 %

Commodities

Commodities, me parece um bom investimento por dois motivos, com o excesso de liquidez tudo que é real tende a se valorizar, nada mais real que commodities. O outro motivo que é fato que caiu muito e commodities são cíclicas, então é comprar quando ninguém quer e vender quando estão procurando. Commodities tem suas dinâmicas próprias, talvez eu faça um post sobre isso.
Commodities:  Vale; Alocação: 100 %

Caixa

Acho que carregar caixa é sempre importante, a maior intenção é aproveitar o mercado quando ocorrem realizações fortes no curto prazo e no longo prazo tentar estimar riscos para uma melhor alocação macro, não vou classificar o movimento do caixa pois acho que não faz sentido, mas minha alocação é acima da média pois acho que podemos ter muitas surpresas pelo caminho.
Caixa: Desacelerando; Alocação; 100%

Referencias:

Curva de juros:
http://www.worldgovernmentbonds.com/

Comentários

  1. Que contribuição hein... belo relatório, Quantum!

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    1. Obrigado, a ideia do blog é organizar minhas ideias e compartilhar elas. Estou conseguindo estruturar melhor o conhecimento para ajuda na tomada de decisão, na alocação de fato.

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    2. Show Jonas, venho acompanhando teus relatórios, só seguir o plano!

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  2. Muito bom!! Sugestão incluir um tópico sobre China e Mercados Emergentes.

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    1. Obrigado pela sugestão Anon, mas a ideia seria em economia ou ações, ou tudo? Por enquanto estou tentando dividir em Brasil e o resto, mas em ações achei que deveria separar USA. Mas vou pensar como separar isso, se faço um comentário ou um paragrafo inteiro.

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